Mensagem do Grupo de Discussão Ciência Cognitiva
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From: Fernando Rodrigues Santana <fernando.santana@ericsson.com>
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>Olá pessoal!
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>Alguém saberia me definir PNL (Programação Neurolingüística)? Qual a
>relação que esta tem com a Ciência Cognitiva?
>
>Obrigado,
>Fernando
>
Hum.., espero não estar jogando álcool na fogueira.
Minha humilde opinião é que PNL (NLP, trade mark!) é uma coleção de
idéias requentadas de diversas áreas (condicionamento operante do
behaviorismo, psicanálise, psicologias diversas, ciência cognitiva,
etc, etc) compondo uma salada incoerente. Os praticantes dizem que
tratam do "entendimento das experiências subjetivas" do ser humano
(e que por isso mesmo pode ser considerado como estando no
mesmo pé que as psicologias mais fracas).
Se PNL tivesse importante vida própria, seria aceita nos veículos
científicos sérios que tratam de cognição. Não ouço nenhuma menção
nesses veículos. Mas leio constantemente papers sérios sobre
cognição e o quão são cuidadosos na elaboração de qualquer
conclusão, coisa que não parece ter paralelo em se tratando de PNL.
Seus teóricos baseiam-se em referências citadas apenas dentro de seus
próprios quadros, sem basearem-se na ENORME quantidade de material
científico rigoroso que está disponível na Ciência Cognitiva
tradicional, no Behaviorismo, na Neurociência Cognitiva, etc.
As idéias fundamentais da PNL tratam do cérebro como algo comparável
ao computador, coisa que fazia sentido na década de 70 mas que
hoje já é considerado por muitos como o grande erro do
computacionalismo, uma das correntes em crise da CogSci. Aliás,
este é um dos problemas da PNL: não está muito afim de ouvir
potenciais críticas e portanto não irá mais longe do que foi
inicialmente "planejado" por seus criadores.
Suas "teorias" procuram correlacionar "coisas estranhas" (como
o lado que o olho desvia com o tipo de pensamento, visual, auditivo,
etc), talvez sem se preocuparem que correlação não é causalidade.
Se uma dessas correlações falha, então é dito que trata-se de
uma "exceção", sem se importar com a significação dessa exceção
em um modelo mais coerente. Ora, com essa metodologia, provo que
o universo está povoado por gremlins verdes que sussuram em
nosso ouvido cada uma de nossas decisões diárias e que portanto
um assassino não deveria ser condenado, por que a culpa é dos
gremlins que o induziram ao ato.
Ao que tudo indica, PNL é uma prática que depende de "autorizações"
ou "formação" com os "mestres" da matéria, em geral envolvendo
cursos
muito bem pagos, não tendo o mesmo caráter das ciências tradicionais,
onde a idéia é propiciar a disseminação irrestrita de conhecimentos
e onde a preocupação financeira é absolutamente secundária.
Para finalizar, se a PNL "descobrisse" algo de real valor, o natural
seria esperar a formalização rigorosa e científica com a preparação
de experimentos estatisticamente controlados e com a possibilidade
de replicação por cientistas independentes. Entretanto, o que parece
acontecer em PNL é a propagação de "dogmas" e trademarks
"inventados"
pelos seus criadores (já ouviram falar de DHE?), dogmas por sinal
envelopados de forma bastante crível para os leigos e com
(provavelmente) um nível de interpretação estatístico dos erros que
"esconde" as falhas como culpa do treinando, e não do método.
Desculpem se fui muito crítico, mas estou progressivamente preocupado
com o poder do misticismo e da pseudo-ciência. Quem tiver curiosidade
sobre esse assunto, veja:
http://www.intelliwise.com/seminars/pseudo.htm
Sergio Navega.
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